Em minha curta vida sempre fui instruída a seguir três conceitos, expostos à mim pela figura de meus pais:
"Sempre ser honesta, sempre cultivar sorrisos e verdades e manter a sinceridade acima de tudo e para com todos."
Se hoje sou o que imagino ser, ou o que as pessoas julgam ver,isso foi alcançado devido a minha persistência em sempre seguir esses tais caminhos.
Eles nunca foram fáceis, ainda hoje sofro as penalizações que me são impostas, mas renderam (e ainda rendem) excelentes frutos.
Quando criança eu já forjava a minha inocência em uma nova forma: a consciência.
Aos treze anos eu já abria mão de muitas coisas, de muitos esteriótipos desprezíveis, de muitos sonhos ingênuos, de muitos muros intransponíveis... Sofri (e sofro), chorei (e choro) e sempre me diverti com tudo isso.
E foi também aos treze anos que uma história, toda cheia de magia e carinho, começou a se desenrolar sem chegar ao fim...
Foi um rapaz moreno, de estatura menor do que a minha na época, olhos e cabelos castanhos. Ele falava engraçado, agia de maneira estranha e eu já o deveria ter notado antes, mas nunca dei o valor devido àquela criaturinha saltitante.
Estudava em minha sala, remetia-me cartas e declarações de amor... A todo o momento buscava conversar comigo e me irritava de tal maneira que passei a considerá-lo como amigo.
A amizade sempre me surgiu assim, do nada. Muitas vezes como uma chance de me auto-afirmar, em outras (estas mais raras) como uma oportunidade de me expressar e aprender. A minha história junto a esse rapaz pertence ao segundo grupo.
Não possuíamos nenhuma semelhança. Ele sempre fora discreto, polido, elegante... Falava através de gestos, sempre se dedicava aos estudos e abominava tudo o que estivesse fora da ordem normal das coisas. Já eu, bem... Sempre falei alto demais, sempre perambulei feito sombra e sempre me contentei com poucas pessoas à minha volta.
Enfim, houve um momento em que éramos três. Três almas diferentes em tudo e unidas por um único vínculo que sequer conhecíamos.
O tempo passou e, dos derradeiros treze anos, nada ficou mais presente em minha vida do que a nostálgica presença do olhar e do abraço desse rapaz.
Cantamos desafinadamente juntos, nos vestimos de portugueses juntos (lembra-se disso?), discutimos e brigamos juntos... Dormimos um na casa do outro, assistimos filmes, nos empanturramos de brigadeiros... Estudávamos juntos, sorríamos juntos e chorávamos juntos... Desenhávamos juntos, poetisávamos juntos e guardamos feijões carregados de saudade juntos (Rep Lago, lembra?)...
Ele sempre fora paciente, calmo, cauteloso... Eu, sempre inconstante, por vezes desaparecia do mundo e só voltava quando ele me resgatava... A memória dele sempre foi perfeita. Até hoje, se eu me aventurar em uma discussão sobre algo passado, ele leva a melhor, pois à mim não se fazem presentes as cenas ou os diálogos vividos.
Caminhamos juntos, nos separamos juntos, nos confessamos juntos... E agora somos o dois que é um, os gominhos que formam a laranja, as cores que colorem os papéis e as letras que, apenas unidas, possuem algum valor.
Com ele aprendi que não posso impor minhas idéias e meus conceitos (talvez o mais importante aprendizado de minha vida), pois ele sempre fora teimoso e obrigava-me a argumentar sobre tudo o que eu achava certo.
Sempre curioso nunca se contentou com uma resposta simples. Por vezes ficava enfurecido por não possuir a mesma natureza que eu, por não pensar nas mesmas coisas que eu e por não ter as mesmas idéias que faziam a minha personalidade.
Mas é ele quem possui sempre as melhores idéias, os melhores pensamentos e as melhores condutas. Ele pensa, eu apenas sinto. Talvez por isso nos sentimos tão completos quando estamos juntos.
Ele foi o único que, em toda a minha vida, sempre me amou do jeito que eu sou. Eu, toda destrambelhada e indecisa, mudava de personalidade com a facilidade com que trocava de roupa (tá, confesso, ainda faço isso...). Todos à minha volta se assustavam e ele sempre surgia com palavras encorajadoras e amáveis...
Nos conhecemos há quase oito anos. Isso é mais do que tempo suficiente para se construir e estabilizar uma história junto à alguém e, ainda hoje, fazemos as mesmas coisas do passado... A única diferença é o ar pseudo-intelectual, que o dominou de vez... (hahahaha, eu precisava dizer isso).
Agora, com a finalidade de selar de vez o nosso vínculo eterno, vai surgir aí uma lembrança... Um meio de não nos esquecermos um do outro, nunca. E isso vale ainda mais pra mim e para a minha falha memória.
A vida sempre nos priva de quem mais cuida de nós, numa tentativa de nos fazer crescer e amadurecer.
"Já que eu não posso te levar, Neto... quero que você me leve amor... Já que eu também levo você na carne..."
Ele cresceu ao meu lado. Amadureceu e aprendeu a pensar comigo. Passou a viver depois de nossas discussões...
Eu evoluí com ele. Amadureci e aprendi a aceitar ao lado dele. Passei a dar valor às coisas simples à partir de nossas discussões...
Minha vida sem ele se resumiria a um caminhar sem rumo, sem sonhos, sem desejos...Sem sorrisos sobre coisas banais.
A vida dele sem mim talvez fosse mais correta, mais serena, mais plausível...
Enfim... esses detalhes eu desconsidero para que não me considerem (ainda mais) como má influência.
Neto,
Amo você_
Com carinho,
_PierroT
(a Mayra que apenas você conhece).
"Sempre ser honesta, sempre cultivar sorrisos e verdades e manter a sinceridade acima de tudo e para com todos."
Se hoje sou o que imagino ser, ou o que as pessoas julgam ver,isso foi alcançado devido a minha persistência em sempre seguir esses tais caminhos.
Eles nunca foram fáceis, ainda hoje sofro as penalizações que me são impostas, mas renderam (e ainda rendem) excelentes frutos.
Quando criança eu já forjava a minha inocência em uma nova forma: a consciência.
Aos treze anos eu já abria mão de muitas coisas, de muitos esteriótipos desprezíveis, de muitos sonhos ingênuos, de muitos muros intransponíveis... Sofri (e sofro), chorei (e choro) e sempre me diverti com tudo isso.
E foi também aos treze anos que uma história, toda cheia de magia e carinho, começou a se desenrolar sem chegar ao fim...
Foi um rapaz moreno, de estatura menor do que a minha na época, olhos e cabelos castanhos. Ele falava engraçado, agia de maneira estranha e eu já o deveria ter notado antes, mas nunca dei o valor devido àquela criaturinha saltitante.
Estudava em minha sala, remetia-me cartas e declarações de amor... A todo o momento buscava conversar comigo e me irritava de tal maneira que passei a considerá-lo como amigo.
A amizade sempre me surgiu assim, do nada. Muitas vezes como uma chance de me auto-afirmar, em outras (estas mais raras) como uma oportunidade de me expressar e aprender. A minha história junto a esse rapaz pertence ao segundo grupo.
Não possuíamos nenhuma semelhança. Ele sempre fora discreto, polido, elegante... Falava através de gestos, sempre se dedicava aos estudos e abominava tudo o que estivesse fora da ordem normal das coisas. Já eu, bem... Sempre falei alto demais, sempre perambulei feito sombra e sempre me contentei com poucas pessoas à minha volta.
Enfim, houve um momento em que éramos três. Três almas diferentes em tudo e unidas por um único vínculo que sequer conhecíamos.
O tempo passou e, dos derradeiros treze anos, nada ficou mais presente em minha vida do que a nostálgica presença do olhar e do abraço desse rapaz.
Cantamos desafinadamente juntos, nos vestimos de portugueses juntos (lembra-se disso?), discutimos e brigamos juntos... Dormimos um na casa do outro, assistimos filmes, nos empanturramos de brigadeiros... Estudávamos juntos, sorríamos juntos e chorávamos juntos... Desenhávamos juntos, poetisávamos juntos e guardamos feijões carregados de saudade juntos (Rep Lago, lembra?)...
Ele sempre fora paciente, calmo, cauteloso... Eu, sempre inconstante, por vezes desaparecia do mundo e só voltava quando ele me resgatava... A memória dele sempre foi perfeita. Até hoje, se eu me aventurar em uma discussão sobre algo passado, ele leva a melhor, pois à mim não se fazem presentes as cenas ou os diálogos vividos.
Caminhamos juntos, nos separamos juntos, nos confessamos juntos... E agora somos o dois que é um, os gominhos que formam a laranja, as cores que colorem os papéis e as letras que, apenas unidas, possuem algum valor.
Com ele aprendi que não posso impor minhas idéias e meus conceitos (talvez o mais importante aprendizado de minha vida), pois ele sempre fora teimoso e obrigava-me a argumentar sobre tudo o que eu achava certo.
Sempre curioso nunca se contentou com uma resposta simples. Por vezes ficava enfurecido por não possuir a mesma natureza que eu, por não pensar nas mesmas coisas que eu e por não ter as mesmas idéias que faziam a minha personalidade.
Mas é ele quem possui sempre as melhores idéias, os melhores pensamentos e as melhores condutas. Ele pensa, eu apenas sinto. Talvez por isso nos sentimos tão completos quando estamos juntos.
Ele foi o único que, em toda a minha vida, sempre me amou do jeito que eu sou. Eu, toda destrambelhada e indecisa, mudava de personalidade com a facilidade com que trocava de roupa (tá, confesso, ainda faço isso...). Todos à minha volta se assustavam e ele sempre surgia com palavras encorajadoras e amáveis...
Nos conhecemos há quase oito anos. Isso é mais do que tempo suficiente para se construir e estabilizar uma história junto à alguém e, ainda hoje, fazemos as mesmas coisas do passado... A única diferença é o ar pseudo-intelectual, que o dominou de vez... (hahahaha, eu precisava dizer isso).
Agora, com a finalidade de selar de vez o nosso vínculo eterno, vai surgir aí uma lembrança... Um meio de não nos esquecermos um do outro, nunca. E isso vale ainda mais pra mim e para a minha falha memória.
A vida sempre nos priva de quem mais cuida de nós, numa tentativa de nos fazer crescer e amadurecer.
"Já que eu não posso te levar, Neto... quero que você me leve amor... Já que eu também levo você na carne..."
Ele cresceu ao meu lado. Amadureceu e aprendeu a pensar comigo. Passou a viver depois de nossas discussões...
Eu evoluí com ele. Amadureci e aprendi a aceitar ao lado dele. Passei a dar valor às coisas simples à partir de nossas discussões...
Minha vida sem ele se resumiria a um caminhar sem rumo, sem sonhos, sem desejos...Sem sorrisos sobre coisas banais.
A vida dele sem mim talvez fosse mais correta, mais serena, mais plausível...
Enfim... esses detalhes eu desconsidero para que não me considerem (ainda mais) como má influência.
Neto,
Amo você_
Com carinho,
_PierroT
(a Mayra que apenas você conhece).